Não Espere se Livrar dos Livros

Adorei o que escreveu Umberto Eco no livro N’Espérez pas vous Débarrasser des Livres (“Não Espere se Livrar dos Livros”, tradução livre – livro publicado em Portugal com o título A Obsessão do Fogo e ainda inédito no Brasil) que lançou no ano passado, junto com o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière. Em uma conversa dos dois mediada pelo jornalista Jean-Philippe de Tonac, Eco insiste no ponto que defende desde o começo das mídias eletrônicas: o livro como objeto não vai desaparecer, é insuperável, tal qual a roda ou o martelo:

Você pode levá-lo para sua banheira sem ter medo de morrer eletrocutado; pode ler numa ilha deserta, enquanto o pobre Robinson Crusoé não saberia o que fazer com as baterias descarregadas de um e-book. Este livro em papel sobrevive mesmo que o deixemos cair do 5º andar de um prédio, mas tente fazer o mesmo com um livro eletrônico!

Adoro meu tablet, um Samsung Galaxy Tab 10.1, mas ele realmente tem razão. Mantenho sempre cópias dos meu livros no meu tablet, pois em certar ocasiões ele ajuda muito, mas ter o livro impresso é um prazer a mais. Por isso sempre compro os livros e sempre os comprarei.

Claro que Umberto Eco tem razão. Uma pessoa percorre com naturalidade, a semiótica, a estética, a linguística, a história da literatura e a cultura de massas. Seu pensamento mora em algum lugar entre São Tomás de Aquino e Charles Sanders Peirce; Abelardo e Karl Popper. Consegue saltar do texto à imagem; da Idade Média às ciências da informação. Autor de cinco romances que ganhou fama mundial ao publicar, em 1980, O Nome da Rosa, thriller com páginas inteiras em latim, reflexões sobre a escolástica e a lógica e uma imersão na atmosfera monástica do medieval europeu.